Para mim, uma sala de estar é um espaço
moderado onde todos se possam sentar confortavelmente perto uns dos outros, e
não um salão com áreas que não são fruídas, desprovidas de razão (e de emoção).
Já o quarto, esse é suposto ser algo à minha
medida, que permita ter perto de mim o que me é mais intímo, mas não uma zona
por onde cirandar sem rumo e sem necessidade.
Claro que não sou fundamentalista, pelo que, se
tais divisões, apesar de grandes, souberem proporcionar vários ambientes, nada a
dizer. Já vi algumas versões que me agradaram. E casas de banho enormes e agradáveis
também. Mas confesso que isso é raro, pelo simples facto de que não é fácil decorar
com alma espaços demasiado abertos.
De todas as divisões, talvez a cozinha seja a
que eu melhor compreendo que as pessoas prefiram em grande, seja para colocar
uma ilha ao meio, seja para o que for. Mas, pensando bem, se a minha o fosse,
acrescentar-lhe-ia apenas um recanto mais intimista - e talvez uma poltrona - para poder dar despacho aos e-mails enquanto cozinho e para confraternizar com as
visitas.
Ainda assim, prefiro-as pequenas e bem
aproveitadas. Têm de ser funcionais e acolhedoras ao mesmo tempo, o que não é
fácil. Gosto de poder ter tudo à mão, bastando para isso virar-me de um lado
para o outro e, ainda assim, saber que nela caibo eu e mais o meu mundo.
A minha cozinha é assim. Assim a soube, no
exacto momento em que a vi pela primeira vez. Nesta edição que lhe serve de
homenagem, mostro alguns exemplos de cozinhas com a mesma estrutura: estreita e
longa - também designada "em corredor". Só enquanto a minha não fica definitivamente acabada.
Aproveito, e partilho aquilo de que me lembro sempre que se fala em cozinhas pequenas - se bem que o caso que se segue diz respeito a uma cozinha muito mais pequena do que qualquer outra; qualquer coisa parecida com isto:
Rachel Khoo:
Rachel Khoo é Inglesa, provinda de uma família de imigrantes orientais e mora em Paris. As suas receitas pretendem reproduzir os clássicos da cozinha francesa numa versão moderna e desmistificada. Não domina bem o francês, o que até poderia ser uma limitação, mas que é transformado em charme.
O programa é gravado na sua cozinha, que é minúscula, e a par da qual todas as cozinhas são palácios. Na verdade, para se movimentar esta cozinheira conta com um espaço quadrado que tem a medida total de ambos os seus braços abertos.
A Rachel trabalha sobre uma pequena bancada de madeira que ela mesma providenciou, e cozinha de forma viva, descontraída (descalça até)... de um jeito simples mas, ao mesmo tempo, algo sofisticado.
Bon appétit!
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