terça-feira, 10 de abril de 2012

A escolha do chão

Bastou-me ver a casota para me encantar por ela e, curiosamente, para ter logo uma boa ideia daquilo que pretendia fazer nela, do estilo aos materiais, dos aspectos práticos à decoração.

No caso do chão não foi diferente: a) não me identifico nada (nadinha) com soalho flutuante (parquet), que acho demasiado moderno e sem graça (apesar de entender quem alegue que se torna acolhedor e confortável) e muito menos da sensação de o pisar (é como se fosse pouco firme); b) queria que o chão de todas as divisões tivesse o mesmo revestimento, ao invés de um para as ditas assoalhadas, outro para a cozinha, outro para a casa de banho, enfim. Até porque entre a sala, o corredor, a cozinha e a marquise nem sequer existem portas, e agrada-me explorar essa sensação de continuidade. Donde, o piso a escolher teria de servir a todos estes ambientes; c) a ideia sempre fora criar uma atmosfera um tanto rústica (que haveria de se posicionar num registo típico de aldeia a tender para o género provençal, mas sem exageros).

Sendo assim, a decisão foi-me fácil, rápida e óbvia: mosaicos de tijoleira, afastados entre eles por um dedo de distância e num tom não muito avermelhado nem demasiado alaranjado, mas mais para o escuro (quase que com micro pigmentos arroxeados - é difícil de explicar), destonificados, para um efeito gasto, e... Vejamos:


1) A inspiração original adveio-me desta imagem que encontrei numa revista de decoração; 2) O resultado final aproximar-se-ia bastante deste; 3) De entre os vários tons que este material oferece, quele que mais me parecia agradar seria qualquer coisa como o que represento com um pequeno "x" (ou o tom do mosaico logo abaixo) nesta foto que tirei num centro comercial em Espanha, durante as minhas férias de verão; 4) uma outra possibilidade, no que ao tom e ao aspecto desgastado diz respeito, fui encontrar no chão de um café-bar no centro da Isla Cristina.


Quanto ao efeito que eu procurava obter com o afastamento entre os mosaicos (mas se fosse hoje talvez abdicasse disso, tendo em conta os relatos que entretanto ouvi de quem assim o fez), era mais ou menos como nos exemplos que se seguem:


1) Neste caso os mosaicos são pequenos demais, mas servem bem para representar o efeito pretendido; 2) este seria outro efeito possível, se bem que aqui os mosaicos tendem a ser um pouco alaranjados, como eu não os queria.


É claro que, nos entretantos, acabei por considerar outras hipóteses. Como a pedra natural, uma paixão tremenda mas, ao mesmo tempo, um pouco restritiva no que à decoração dos diversos espaços diz respeito - por ser demasiado clara (marfim) ou escura (cinza). Mas vou exemplificar:



1) Palavras para quê?.. Um luxo! E como apetece andar descalça sobre um chão destes, no pico do verão! E, de inverno, colocar sobre ele um tapete felpudo, que tudo liga bem com um chão assim (tudo, desde que a restante decoração seja clarinha, e - lá está a limitação de que falava - ocorreu-me que a necessidade de um ambiente um pouquinho mais "cosy", poderia vir a surgir); 2) Exemplo de como esta pedra fica lindamente num quarto; 3) E de como resulta absolutamente perfeita numa cozinha. Confesso que vacilei, que isto pedra natural é uma tentação!... Mas, também -diga-se em abono da verdade - uma tentação que pode ficar exorbitantemente cara!


E, de resto, havia ainda mais uma ou outra alternativa, mas que acabei por não levar muito a sério por um motivo ou por outro. É o caso do cimento alisado/queimado, ou microcimento (ou até a tijoleira encerada, como se usava dantes nas casinhas de aldeia e que durava uma vida - mas encerá-la é uma chatice!). Deixo aqui uns quantos exemplos, mas tantos outros existem na net:



Em todo o caso, depressa cheguei a uma conclusão: do que eu gostava mesmo, era de chãos já velhinhos. E isso da antiguidade e das marcas do desgaste não se pode forçar ou imitar. Ou, por outra: poder até se pode (tentar), mas não é (de todo) a mesma coisa. Nunca nada se compara com isto, por exemplo:



Este mesmo aspecto, apesar de raro, já o tenho encontrado noutros locais (nomeadamente nesta casinha de turismo rural em Castelo de Vide). Trata-se de um chão belíssimo, quando genuíno. Se eu tivesse "herdado" um assim, conservá-lo-ia com todas as minhas forças.


Seja como for, a ideia do piso em tijoleira para o interior da casa permaneceu como verdade incontestável durante quase todo o tempo. De tal maneira, que até o revestimento para a parede da cozinha foi escolhido de molde a combinar bem com ele (e a trabalheira que foi para o encontrar, santo deus!); e até a bancada. O próprio quarto iria recorrer a um truque estético, com o tecido da colcha a "casar" a cor de tijolo do chão com o cinza da parede principal. Mas, e apesar de tudo isto, acabei por desistir da ideia! E porquê? Porque percebi que não era prático. A gota de água foi o relato sincero de uma pessoa que tive o prazer de ter como formanda e que - prazer ainda maior - ficou minha amiga. Ela mesma escolheu, para chão de toda a casa, os mosaicos que eu achava ideiais. Mas a verdade é que - assim ela me conta - tudo o que neles cai os mancha permanentemente. Pior que isso: as juntas inevitavelmente começam a desfazer-se, desaparecendo em alguns pontos e tornando constante aquela leve poeira do cimento aqui e ali...

Ora eu, que já guardava comigo um pequeno segredinho (vou contar: vira, em tempos, no Leroy Merlin, uns mosaicos a imitar madeira que me haviam ficado no goto, enchendo-me de pena de ter de abdicar deles), comecei a pensar seriamente numa mudança nos meus planos originais. Perguntei-me: e porque não um soalho de madeira (tão bonito que até comove, costumo eu achar), mas sem as desvantagens a ele associadas (dificuldade de limpeza, cuidados de manutenção, empenamento e desgaste, etc.)? É que uma coisa é para mim muito importante: a casa está a ser feita para que um cachorrinho seja lá feliz. Claro que também para eu ser feliz, mas posso lá eu sê-lo se o canito não o for!?! E eu não o quero a escorregar em ladrilhos lisos, ao fazer as curvas da sua alegre correria; nem quero ter de me preocupar se me risca o chão ou se o patinha de terra quando vier do quintal. Era o que me faltava!... Um cão também tem a sua vida!



Ainda que assim fosse, daria sempre preferência a "madeiras" de um tom mais claro, seco e acinzentado, ao invés de castanho escuro, clean e luminoso, que é mais clássico. A ideia seria uma espécie de "dois em um": por um lado, sem escurecer a casa; por outro, mantendo a rusticidade.


E como estava longe de poder colocar tabuínhas velhas (como as da 1ª foto acima), eis as tais "tábuas" de mosaico anti-derrapante que imitam a madeira na perfeição! Na imagem surgem duas (ambas muito bonitas), sendo a segunda a opção definitiva para todo o piso interior da casa.

Nota: este tipo de pavimento existe também em "madeira branca" (como se vê na foto), castanha escura, "ruiva" e até num esverdeado que é uma delícia. Gosto de apreciar todas as cores e de imaginar as várias aplicações. Até ver, são estas as imitações mais perfeitas que encontrei. Numa casa de praia não teria dúvidas em escolher o branco.


E eis aqui a história do meu chão... Que espero possa ser útil a quem venha a passar pelo mesmo!

Ah!... E o que é do revestimento da cozinha (futuro post), comprado de propósito para combinar com o chão cor de tijolo? Mantem-se, claro, pois que, por essa altura, já me tinha afeiçoado a ele.

Já agora, e para terminar: ainda sinto saudades daquela minha ideia do chão em tijoleira!!!

See ya soon! :-)

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